O relato de uma repórter internacional especializada em direitos civis tem causado polêmica nos Estados Unidos.
Mac McClelland já havia vivenciado e entrevistado vítimas em diversos casos de violência sexual, mas uma situação no Haiti em 2010 lhe causou um trauma que ela simplesmente não conseguia superar.Em um artigo publicano na semana passada, ela descreveu como acabou propondo a um ex-namorado que a "violentasse", forçando-a a fazer sexo mesmo enquanto ela se debatia e se esforçava ao máximo para afastá-lo.
"Eu não estava louca. Foi uma maneira de lidar criando uma situação simulada, porém controlada. Eu poderia dizer 'pare' a qualquer momento. Mas mesmo assim foi terrível, e o corpo entende quando passa por uma luta", disse ela ao site "ABCNews.com" em matéria publicada nesta terça-feira (5).
Trauma
Ao chegar ao Haiti em setembro do ano passado, a repórter passou o dia acompanhando uma mulher vítima de estupro (a quem ela deu o nome fictício de Sybille), e ficou sabendo detalhes sobre sua história.
Sybille havia sido estuprada por cinco homens durante duas horas. A jornalista a acompanhou em uma consulta no hospital, na qual o médico gritou com a mulher dizendo-lhe que a culpa pelo estupro era sua, porque ela era uma "vadia".
Depois, quando as duas voltavam de carro para a cidade de Sybille, a mulher avistou na rua um de seus estupradores e teve um intenso ataque de pânico. Segundo o relato de Mac, publicado na revista eletrônica "Good", foi esta a cena que lhe causou o trauma.
Estresse pós-traumático
Com o tempo, ela conta que passou a chorar sem motivo, a ter pesadelos "até mesmo durante o dia", e a se embriagar durante dias seguidos. Ao procurar ajuda depois de regressar do Haiti, ela foi diagnosticada com transtorno de estresse pós-traumático (PTSD, da sigla em inglês), mas mesmo assim não conseguia superar o problema psicológico.
Ela acabou ligando para um ex-namorado e lhe narrou toda a situação durante um encontro, propondo então que ele a violentasse de forma simulada. Mac narra como ela se esforçou em afastá-lo mas acabou sendo vencida de forma brutal, a pedidos dela mesma.
"Eu estava ciente mesmo quando foi doloroso, mesmo quando ele colocou um travesseiro sobre minha cara, não para me asfixiar, mas para que não quebrasse meu queixo enquanto ele me dava murros na cara. Duas, três, quatro vezes. Meu corpo ficou devastado, mas aliviado. Eu havia perdido, mas sobrevivi", relata.
Apesar de especialistas não recomendarem esse tipo de "tratamento", a jornalista diz que, para ela, deu certo. "Em alguns meses, eu me sentiria pronta para voltar ao Haiti. (...) Eu faria uma matéria no Congo, onde todas as entrevistas teriam a ver com violência sexual ou assassinato, mas já seria possível trabalhar normalmente", escreveu Mac McClelland.
"Eu tive muitos avisos antes de escrever isso, mas eu escrevi, então vou tuitar [o link para o texto sobre] isso (...), no qual o estresse pós-traumático arruina a minha vida, e a minha vida sexual, e eu levo um murro no rosto", escreveu ela em seu microblog após a publicação do texto.
Fonte:G1
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