Católicos Recebem Cruz Icone de Nossa Senhora em Fortaleza

Católicos vão receber a cruz e o ícone de Nossa Senhora, símbolos da Jornada Mundial da Juventude, no evento 'Bote Fé', a partir das 15h deste sábado (3), no aterro da Praia de Iracema, em Fortaleza.
Guadalupe Monteiro, de 39 anos, é uma das fiéis que aguardam os símbolos, em especial o ícone de Nossa Senhora. “O ícone é a palavra de Deus escrita em linhas e cores. É um termo grego empregado para a pintura do sagrado”, diz a baiana que é iconógrafa desde 1997 e já 'escreveu' cerca de 50 ícones com imagens da vida de Cristo e de santos.
O ícone de Nossa Senhora acompanha a cruz de madeira e 3,8 metros da Jornada desde 2003 e é um presente do então papa João Paulo II aos jovens. O símbolo é uma cópia do ícone que está na Basílica Santa Maria Maior, em Roma. “Tenho muita admiração e respeito pelo ícone da Jornada. É o ícone que está na primeira e maior basílica para Maria do Ocidente”, conta.Os símbolos da Jornada Mundial da Juventude estão no Ceará desde o dia 18 de fevereiro e passaram por diferentes municípios até chegar à capital. Os realizadores do 'Bote Fé' esperam a presença de 10 mil pessoas neste sábado na Praia de Iracema. O evento terá shows da Banda Missionário Shalom, Zé Vicente, Irmã Kelly Patrícia e participação especial de Suely Façanha e Banda Dominus.Com um olhar especial, Guadalupe destaca, no Ícone de Nossa Senhora da Jornada, algumas simbologias da iconografia, como a presença de cruzes no manto da santa que representam a “proclamação de fé da virgindade perpétua de maria” e a expressão adulta mesmo no rosto de menino de Jesus. “Os ícones não são objetos de adoração e, sim, de contemplação. Gosto da frase que diz que o ícone é uma janela para a eternidade. As pessoas devem ter uma experiência espiritual diante de um ícone. Tenho muito amor e temor pelo dom que Deus me deu”, diz.
'Arte inspirada'
Guadalupe mora em Fortaleza e é uma das leigas consagradas pela Comunidade Católica Shalom. Mesmo sendo formada pela Escola de Belas Artes da Bahia, ela conta que o 'dom' para ser iconógrafo tem relação maior com a espiritualidade. “O iconografia é uma arte inspirada, precisa ter habilidades artísticas, mas, principalmente, ser uma pessoa orante. É difícil retratar o que não se crê. Seria uma arte vazia”, afirma.
Para se fazer um ícone, Guadalupe conta que o processo é minucioso com técnicas e tradições vindas dos primeiros séculos. Os ícones geralmente são feitos sobre uma madeira recoberta por um preparado de gesso e cola animal. Em seguida, é feito o desenho que segue padrões. “Os olhos sempre devem ser grandes, bem fixos para reforçar o caráter de contemplação. A anatomia não segue as proporções do corpo humano porque o objetivo é retratar o corpo transfigurado, a representação de céu e eternidade”, explica.A pintura do ícone é feita com a técnica da têmpera do ovo em que é produzida uma mistura com vinagre, vinho branco, pigmentos e gema de ovo. Uma das etapas finais na preparação do símbolo é a douração, quando se aplica ouro nas auréolas dos santos e no fundo da imagem para retratar a luz divina. Uma das principais características do ícones, segundo Guadalupe Monteiro, é o princípio da clarificação. “O fundo da imagem é escuro e vai sendo iluminado”, diz.
A iconógrafa explica que os tamanhos dos ícones podem variar e que o processo pode demorar até três meses. A baiana já fez ícones do formato de uma folha de papel ofício até a dimensão de uma parede. Entre os trabalhos, Guadalupe lembra em especial o que fez para presentear o Papa Bento XVI, em 2007. “É um ícone de 70cm x 40cm que retrata Nossa Senhora, o apóstolo Pedro e Cristo”, conta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

>>Ultimas