Ler e escrever são um processo de construção interna (assim como todos os processos de aprendizagem humana, ocorrem de dentro para fora do sujeito) que começa bem antes de a criança entrar na escola e vai muito além da primeira série.
Começa quando ela se dá conta de que existe uma língua que se fala e uma língua que se escreve, e que escrever é transformar a língua falada num código gráfico simbólico, o que exige uma elaboração mental extremamente complexa. Para dominar esse novo código ela precisará de alguns anos. Mas esse processo é longo e difícil para a criança, pois não é resultado da acumulação de informação sobre sílabas, alfabeto e letras, e sim a transformação das hipóteses que ela constrói em seu esforço para compreender o que é, para quê serve e como funciona a escrita. Pais e até mesmo professores às vezes queimam etapas da vida da criança, quando força a mesma a ler e escrever sem se dar conta das fases e do grau de desenvolvimento que cada criança tem diante do letramento.Sendo uma construção absolutamente pessoal, individual, interna e intransferível, é, portanto, impossível para alguém determinar com precisão em que momento a leitura e a escrita acontecerá.
As pessoas de um modo geral precisam cultivar o hábito de leitura e escrita para respondermos aos apelos da cultura grafocêntrica para assim inserir-se criticamente na sociedade. Sabemos que hoje em dia a aprendizagem da língua escrita deixa de ser uma questão estritamente pedagógica para alçar-se a uma esfera maior que é a esfera política. Paulo Freire, em seus estudos sobre o letramento mostra a conotação política de uma conquista – a alfabetização – que não necessariamente se coloca a serviço da libertação humana, mas pelo contrário, a história do ensino no Brasil, a respeito de eventuais boas intenções e das “ilhas de excelência”, tem deixado rastros de um índice sempre inaceitável de analfabetismo agravado pelo quadro nacional de baixo letramento. Ler e escrever implica não apenas o conhecimento das letras e do modo de decodificá-las (ou de associá-las), mas a possibilidade de usar esse conhecimento em benefício de formas de expressão e comunicação, possíveis, reconhecidas, necessárias e legítimas em um determinado contexto cultural.
Se não tem paciência nem é esforçado para estudar, pelo menos decore a grafia, ainda que não saiba o porquê, fazendo assim você não passará vergonha ao pedir “ALMENTO” ao seu chefe.
Psicopedagogia
Colunista Tv Badalo Ceara
2 comentários:
"Almento' boa, eis umas das questões que tenho levantado entre a companheirada, vamos ler. Como sempre digo vosso texto são de uma lisura e tanto.
Obrigada, fico feliz por isso.
Cleide Araújo
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