Desabafar alivia a angústia – essa é a tese de programas de voluntariado como o CVV, o Centro de Valorização da Vida. Por telefone, e-mail, chat, carta ou até pessoalmente, as pessoas buscam o serviço para conversar.
E não são necessariamente diálogos tristes. A atriz Maristela Vanini, 39 anos, lembra da primeira vez que usou o serviço, aos 25 anos: “Eu tinha passado no meu primeiro teste profissional e era minha estreia. Cheguei em casa muito feliz e não tinha para quem contar, a minha família toda já estava dormindo”, lembra. Ela ligou para o CVV e começou a falar sobre sua noite. A euforia foi se dissipando e ela desligou o telefone aliviada.“O que mais me toca é que, quando eu desligo, nem lembro mais porque liguei”, diz Maristela. “Na época da primeira vez, não quis compartilhar com ninguém conhecido, tive medo que pensassem que eu queria me exibir. Liguei e senti que alguém estava me ouvindo de verdade, me compreendendo, não estava só me escutando. Senti que não precisava medir as palavras”. A lembrança do CVV para Maristela, assim como para muitos brasileiros, vem de comerciais de televisão. “Marcou quando assisti porque eu pensava que, se um dia eu ficasse triste, ia ligar para esse lugar.” Acabou ligando porque ficou feliz.
O serviço foi fundado em 1962 por um grupo de universitários alarmado com o aumento no índice de suicídios. O começo foi quase intuitivo: o grupo pegou uma linha telefônica e passou a oferecer atendimento a pessoas. Hoje, são 70 postos no país, responsáveis por cerca de um milhão de atendimentos por ano, que duram em média 40 minutos, no caso das ligações telefônicas.
Fonte:iG
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