Cracolândia em Manguinhos resiste à presença das forças de segurança

RIO - Um dia depois do reforço no policiamento na favelas do Jacarezinho e do Complexo de Manguinhos, usuários de crack permanecem no entorno das comunidades. Eles vivem em meio ao lixo e, apesar da presença de carros da Polícia Militar e da Polícia Civil, agridem verbalmente quem passa perto deles.


A reportagem do GLOBO circulou pelas ruas do Jacarezinho e Manguinhos na manhã deste sábado e flagrou jovens e crianças consumindo drogas nas avenidas Dom Hélder Câmara, Leopoldo Bulhões e dos Democráticos, na Zona Norte. Muitos usuários montam barracos na linha férrea e alguns ocupam o viaduto da Estação de Manguinhos.

De acordo com a Polícia Civil, até a tarde deste sábado, uma pessoa foi presa. Além disso, 18 motos, um carro e duas kombis foram apreendidas.

Conforme mostrou a reportagem do GLOBO deste sábado, os usuários de crack dormem em colchões e sofás velhos, e circulam noite e dia pelas ruas enrolados em cobertores, maltrapilhos e desnutridos. Eles se espalham por Manguinhos e Jacarezinho, que ficam a apenas dez quilômetros do Centro. Em frente à Favela do Mandela, próximo à nova estação de trem de Manguinhos, construída com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mais de 50 viciados em crack se aglomeravam nesta sexta-feira. Mesmo com a presença dos policiais, eles continuaram a fumar crack em copinhos de plástico e até mesmo adolescentes consumiam a droga.Nesta sexta-feira, equipes da Secretaria municipal de Assistência Social (SMAS) recolheram dez adultos e um adolescente na cracolândia, em Manguinhos. Apesar do trabalho de acolhimento da prefeitura, que desde março do ano passado fez 39 operações na região, o problema resiste.

Policiais militares apreenderam também nesta sexta uma chave de fenda com um viciado. A ferramenta, segundo agentes, era usada para assaltar. Moradores da região dizem que é comum ver usuários vendendo celulares roubados nos sinais. Apesar da apreensão, policiais disseram que o recolhimento desses grupos é de responsabilidade da prefeitura. Eles explicaram que essas pessoas não podem ser presas por estar perambulando; só podem ser detidas se estiverem com uma certa quantidade de droga.

Apesar de centenas de usuários circularem na maior cracolândia do Rio, a prefeitura informou nesta sexta-feira que não há um projeto diferenciado para o tratamento imediato destas pessoas. Segundo a Secretaria municipal de Assistência Social, os agentes só vão agir após o domínio completo da polícia nas comunidades.

De acordo com o último Censo do IBGE, as comunidades de Manguinhos e Jacarezinho têm cerca de 70 mil moradores. A região, que fica perto da Avenida Brasil e das linhas Vermelha e Amarela, deve ganhar uma Unidade de Polícia Pacificadora, o que não é confirmado pela Secretaria de Segurança. As forças de segurança começam a ocupar as comunidades neste domingo. O Rio já tem 28 UPPs, onde vivem 400 mil pessoas.

Segundo o serviço de inteligência das polícias, com a ocupação de Manguinhos e do Jacarezinho, as cracolândias do Parque União, na Maré, e as de favelas do Lins de Vasconcelos devem aumentar.
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