Mais de 200 Mortos em Hospital Libio

Foto:AP
Mais de 200 corpos em decomposição foram encontrados nesta sexta-feira em um hospital em Abu Salim, um distrito na capital da Líbia, Trípoli.
De acordo com um repórter da BBC que foi ao local, corpos de homens, mulheres e crianças estão espalhados em camas e corredores.

Médicos e enfermeiras abandonaram o local após intensos confrontos entre rebeldes e forças leais ao líder líbio Muamar Kadafi. A oposição lançou uma ofensiva no distrito na sexta-feira, acreditando que Kadafi pudesse estar escondido no local.

Moradores acusaram o regime pelas mortes, mas não está claro como elas aconteceram. Segundo o repórter da BBC, os mortos parecem ser civis, combatentes e mercenários africanos.

Alguns moradores disseram que muitas vítimas foram levadas com ferimentos ao hospital, e acabaram morrendo após a fuga dos profissionais em meio aos combates. "Esses corpos estão no hospital há cinco dias. Ninguém tomou conta deles, ninguém identificou, enterrou", afirmou um morador à BBC.

Na quinta-feira, a Organização das Nações Unidas (ONU) exortou os dois lados do conflito na Líbia a adotar medidas para evitar atos de violência ou vingança.

Em um hospital no distrito de Mitiga, outro repórter contou 17 corpos, todos de militantes rebeldes. Segundo médicos, eles tinham sido presos pelas forças de Kadafi em uma escola. Os corpos apresentam marcas de tortura e de muitos disparos. Há relatos de pelo menos uma execução sumária.

"Metade dos 17 corpos tinha marcas de tiro na nuca. Muitos estão desfigurados, com ferimentos nas pernas e nos braços que não têm explicação", disse um médico, que não se identificou.

O chefe do escritório da BBC no Oriente Médio, Paul Danahar, viu corpos de dois soldados leais a Kadafi também com sinais de execução. Os dois militares foram mortos com as mãos amarradas junto às costas.

Um porta-voz da Cruz Vermelha disse à BBC que os dois lados mantêm centenas de prisioneiros. Robin Waudo pediu às partes envolvidas que respeitem os direitos de prisioneiros de guerra, dispostos em convenções internacionais.

A Anistia Internacional também denunciou execuções sumárias de prisioneiros nos dois lados do conflito. O porta-voz de direitos humanos da ONU, Rupert Colville, disse que é difícil confirmar relatos de execuções sumárias e tortura, mas afirmou que denúncias do gênero serão investigadas pela Comissão de Inquérito da Líbia - órgão já existente.

"Exortamos todos em posições de autoridade na Líbia, incluindo comandantes militares, a tomar medidas para evitar que nenhum crime, ou ato de vingança, seja cometido", disse ele.

A ONU já havia afirmado que algumas ações militares poderiam ser classificadas como crimes de guerra e contra a humanidade. No começo da semana, o presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão político dos rebeldes, Mustafa Abdul Jalil, exortou rebeldes a não se envolver em atos de vingança contra combatentes pró-Khadafi, ameaçando renunciar se seu chamado não surtisse efeito.

Transferência

Na quinta-feira, o CNT anunciou na quinta-feira a transferência de seu Comitê Executivo de Benghazi para a capital, Trípoli.

"Declaro o início do trabalho em Trípoli. Longa vida a uma Líbia democrática e constitucional e glória aos mártires", afirmou o vice-presidente do CNT, Ali Tahuni.

Ele afirmou que o líder dos rebeldes, Mustafa Abdul Khalil, chegará à capital o mais rápido possível, assim que as condições de segurança permitirem. Tahuni também pediu que as forças leais a Kadafi encerrem os combates. "Abandonem as armas e podem ir para casa. Não vamos nos vingar. Entre nós e vocês está a lei. Prometo que estarão protegidos", disse.

Os confrontos continuam na capital e também na cidade natal de Kadafi, Sirte, onde um bunker foi atacado por jatos britânicos.

O Ministério da Defesa do Reino Unido afirmou que jatos Tornado GR4 decolaram da base aérea de Marham, em Norfolk, Inglaterra, na quinta-feira à noite. Eles dispararam mísseis de precisão contra o bunker, que abrigava um centro de controle.

Não havia qualquer indicação de que o líder líbio estivesse em Sirte ou no bunker no momento do ataque. "Não se trata de encontrar Kadafi, mas, sim, de garantir que o regime não tenha a capacidade de continuar combatendo seu próprio povo", disse o ministro da Defesa, Liam Fox, à BBC.

Fonte:iG/Com BBC e AP

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