Prática Alfabetizadora

A prática alfabetizadora pode ser definida como um processo pedagógico que assume dois objetivos integrados a uma concepção genérica de linguagem.
Um desses objetivos está centrado no desenvolvimento de um conhecimento que assegura ao indivíduo o domínio sobre o emprego do código (seja este qual for) selecionado para se comunicar. Tendo sido alcançado este mérito, começa, então, o domínio do segundo objetivo, este relacionado a um processo contínuo de aprimoramento do uso do referido código, de modo a que o indivíduo se capacite a tirar dele o melhor resultado comunicativo possível. Quanto a estes dois objetivos, observe-se, a propósito, que só não se aplicam à prática de alfabetização motivada pelo paradigma linguístico, porque não se restringem ao processo de aprendizagem da língua escrita, mas, sim, ao de qualquer código. Num contexto em que são estes os objetivos a serem alcançados, qual seria a dimensão ética da alfabetização? Para respondermos a isto, pensemos, inicialmente, em quais seriam as condições para o processamento da prática alfabetizadora. Então, assim podemos dizer que são elas: Motivação, Prontidão cognitiva e motora e Perspectivas de inserção social.

A  motivação é o elemento condicionante para o cumprimento de ambos os objetivos do processo de alfabetização, enfim, a atitude de o próprio alfabetizando formular suas teorias e métodos de alfabetização. Esta motivação só é obtida, naturalmente, quando se tem a sensação de que o esforço pela aprendizagem possa ser, de certo modo, legitimável pela interação social através da linguagem. De outra sorte, ou seja, não havendo perspectiva de legitimação do código na interação social, o indivíduo tende a evitar o esforço mental e empregá-lo em outro fim. A Prontidão cognitiva e motora, ou seja, a habilidade de empregar códigos gráficos ou motores demanda do indivíduo a utilização de recursos físicos específicos, que, por sua vez, exigem dele controle imediato sobre órgãos do corpo. Portanto, o aprendizado dos princípios básicos de emprego de um determinado código (comportamento esperado a partir do primeiro objetivo do processo de alfabetização) exige do indivíduo ser capaz de controlar mentalmente seu corpo e estar capacitado a realizar ações motoras específicas. E as perspectivas de inserção do indivíduo na sociedade condicionam a consecução do segundo objetivo, caso o aprimoramento do uso do código específico, já dominado, seja associado a certos domínios sociais específicos (este é o caso, particularmente, da língua escrita).  Um indivíduo, dotado de uma capacidade de linguagem, ao mesmo tempo, filogêníca e sujeita a condicionamentos cognitivos processados por este indivíduo em particular. O fato da criança dizer que tem preguiça e sono nas atividades de leitura é uma forma de resistir a algo que ela não conseguiu compreender o sentido. Os seres humanos e, sobretudo as crianças, se negam a aprender aquilo que lhes é imposto ou que não identificam a razão. Não existe técnica para fazer alguém gostar de ler. Existe, sim, um processo de sedução pela leitura que deve despertar na criança o desejo de ler.  “Uma das tarefas do professor alfabetizador é mostrar às crianças o mundo que se abre para elas com o aprendizado da leitura e da escrita. Nesse processo o professor terá que ser inicialmente leitor e escriba para a criança, colocando-a em contato com histórias, poesias, textos humorísticos, etc.” 



Cleide Araújo
Psicopedagogia
Colunista Tv Badalo Ceara


2 comentários:

TvBadalo Ceara disse...

Muito boa escrita, afinal és uma ótima colunista somos gratos por você conosco, parabéns

Anônimo disse...

Que bom que estão gostando. Fico feliz em escrever para essa coluna tão respeitável.

Cleide Araújo

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