A Conquista de Se Mesmo


(Por Pedro Santos)
Historiadores, sociólogos, estadistas e políticos, de correntes diversas, têm procurado diagnosticar o mal de que sofre a sociedade moderna.
Uns, com um laivo de ironia, atribuem as mazelas do corpo político e social às dores do crescimento. O país em evolução rápida sofre os desajustes próprios do adolescente, dizem. Outros salientam o fator econômico, com todas as suas ramificações, como causador do mal-estar generalizado. O remédio, em sua opinião, seria uma melhor distribuição da riqueza. Crêem, com otimismo, que com a subida do nível cultural das massas, o homem moderno será capaz de criar uma sociedade ideal. “O que o homem precisa é de mais ciência”, dizem alguns, esquecendo-se de que a ciência é uma arma de dois gumes – tanto edifica como destrói.

Eu vejo na crise da civilização ocidental, uma crise espiritual. Se esta civilização naufragar será por razões espirituais, e não por carência de ciência, ou igualdade econômica, em que pesam os demais fatores na balança. A civilização ocidental extraiu sua vitalidade na fonte ilibada do cristianismo. Cresceu, emancipou-se e hoje, como filha ingrata, nega sua ascendência espiritual. Rejeita como obsoletos os valores morais que fizeram sua passada grandeza.

Desta crise moral, um dos sintomas mais flagrantes é a ausência generalizada de caráter. Como poderia ser diferente se caráter é uma das dádivas do cristianismo ao homem?  Querer preservar as boas coisas que o cristianismo nos legou enquanto repudiamos com cinismo suas exigências morais é o mesmo que pretender conservar viva uma árvore arrancada de seu solo nativo.

Partindo deste pressuposto, viso contribuir de forma modesta, à tarefa de reconstrução do caráter sobre bases duradouras. Acredito na eficácia e urgência de uma campanha de rearmamento moral. Não quero cometer o erro que alguns têm cometido muitas vezes – talvez até com boas intenções - de divorciar o rearmamento moral da regeneração espiritual. O domínio-próprio faz parte deste rearmamento moral.

Certo monarca, visitando o rei de Esparta, quis saber o segredo da resistência férrea dos soldados espartanos. Foi lhe dito residir o seu segredo numa sopa preta que era parte da ração de cada soldado. Insistiu o monarca em prová-la, mas qual não foi sua decepção ao levá-lo à boca. Era intragável. “Não se impressione” explicou-lhe o anfitrião com ironia, “o tempero desta sopa consiste em rígida disciplina pessoal”. Assim o era, na verdade. O monarca, afeito a uma vida fácil, rodeado do luxo da corte, não podia apreciá-la.

Sem esta rígida disciplina pessoal, inculcada desde a infância, nunca teriam os soldados de Esparta escrita a imortal página das Termópilas. Quando outros teriam preferido uma retirada “honrosa”, ou uma fuga justificável sob todos os pontos, aqueles heróis, educados na escola do domínio-próprio, julgaram mais digno manter sua posição até o último homem.

“Domínio-próprio é coragem em outra forma”, dizia o antigo sábio. É de Pitágoras a frase: “Nenhum homem é livre que não se pode dominar”. Aquele que é escravo de suas paixões e instintos nega, ipso facto, sua liberdade. Não é livre nem de fato, nem de direito. Submetendo-se ao domínio da natureza inferior, abdica sua realeza e sua filiação divina.

Ninguém melhor do que Sansão ilustra a simples verdade, de “que aquele que é dominado por suas paixões é home fraco”. Sansão tem sido considerado o Hércules da Bíblia. A mitologia grega fala de Hércules e seus doze trabalhos. Mantendo-se no plano do histórico e não do lendário, não atribui a Bíblia doze trabalhos a Sansão, mas fala de suas sete proezas:
1. O estrangulamento do leão a mão desarmada;
2. O massacre de trinta homens, em Asquelão;
3. A queima dos campos dos filisteus com o auxílio de trezentas raposas;
4. O segundo massacre dos filisteus;
5. A matança de mil homens com uma queixada de um jumento;
6. A remoção dos portões de Gaza;
7. A derrubada do templo de Dagom.
Entre a sexta e sétima proezas, vem à trágica história de sua traição por Dalila. Foi uma terrível tragédia, para um homem como Sansão, ser subitamente reduzido a escravos de seus piores inimigos, preso com cadeias de bronze e forçado a “moer no cárcere” como um animal de carga. A queda final foi realmente súbita, mas os passos que levaram até ela foram graduais e abrangem toda uma vida. É a história, tantas vezes repetida, de alguém que jamais alcançou domínio-próprio e, por isso, não pode reter permanente domínio sobre seus inimigos.

 Guilherme Gordon Murdoch escreveu: "O domínio próprio é uma das mais valiosas lições que uma criança possa aprender. Entretanto, quantos alcançam a idade adulta, ocupando mesmo posição de liderança, sem ter desenvolvido esta virtude! Alexandre o Grande foi um deles. A despeito de sua heroicidade na peleja, não conseguiu vencer-se a si mesmo. Num banquete estavam todos louvando a Alexandre quando Clito, um de seus generais, lhe criticou o orgulho. Alexandre tornou-se furioso. Não estava habituado a ouvir seus oficiais lhe falarem desrespeitosamente. Em sua fúria, procurou tomar da espada para matar a Clito, mas um soldado havia escondido a arma e Clito fugiu do recinto do banquete. Foi bastante imprudente para voltar. Alexandre arrebatou a lança de um dos guardas e arremessando-a contra Clito, matou-o. Quando viu o que fizera, Alexandre foi tomado de profundo remorso e tentou contra a própria vida, mas foi impedido pelos soldados presentes. Alexandre conquistara o mundo, mas não podia controlar a própria alma". Este dominador de povos não soube também dominar o seu apetite, morrendo em conseqüência de uma bebedeira. 
Sansão nunca se sujeitou à disciplina própria; e por isto teve de ser disciplinado pelas circunstâncias. Com razão, dizem as Escrituras que “melhor é o que governa seu espírito do que o que toma uma cidade”. Foi Sansão um escravo de suas paixões e, como escravo morreu. Cada qual lavra os termos de sua própria sentença. Nada há de arbitrário neste Universo de Deus. A liberdade não é um direito inalienável, mas um merecimento. Aqueles que a desprezam, perdem-na inexoravelmente.
Comentando a vida malbaratada de Sansão, disse conhecida escritora: 
“Fisicamente falando, Sansão foi o homem mais forte da Terra: mas, no domínio de si mesmo, na integridade e firmeza, foi um dos mais fracos. Muitos tomam erradamente as paixões fortes como caráter forte; mas a verdade é que aquele que é dominado por sua paixão á homem fraco. A verdadeira grandeza do homem é medida pela força dos sentimentos que ele domina, e não pelos sentimentos que o dominam”.
Sansão acabou caindo nas mãos do inimigo, porque jamais caiu em si mesmo. Dominou o leão no caminho de Timnata, mas nunca dominou o próprio eu. Gostava de pregar enigmas, mas só tarde resolveu o enigma de sua vida.
Fixou os olhos no brilho ofuscante de uma falsa Dalila, e acabou cego. Buscou uma liberdade falsa, e terminou escravo. Não quis trilhar a senda da retidão, e findou dando voltas empurrando a moenda do cárcere. Incendiou, com o auxílio das raposas, as searas de seus inimigos, mas permitiu que as raposinhas dos vícios destruíssem sua própria vinha. Carregou os portões de Gaza sobre os ombros, mas foi esmagado sob os pecados de Gaza. Brincava de deixar se amarrar, e amarrado ficou. Gostava de folia, e seu penúltimo ato foi servir de palhaço perante seus algozes. Felizmente, arrependeu-se na undécima hora e procurou redimir uma vida fracassada com um último arroubo de esforço e fé. Venceu, mas quão mais gloriosa teria sido sua carreira tivesse aceito a diretriz para sua vida.
A conquista do próprio eu - eis o aceno da mais excitante aventura. À vista dela, a conquista do Everest tomba na insignificância. Sua realização exige as melhores energias da juventude. Tarefa não para um ou dois anos, mas para toda a vida. 
De fato, “nenhum conflito é tão severo como o daquele que luta para dominar o eu”.
Por estranho que pareça não nos é dado a escolher neste assunto. Ou nos dominamos pela aplicação dos controles interiores, ou seremos dominados pelas circunstâncias. Mas neste, o efeito será desastroso sobre nosso caráter e nossa liberdade.  
“Um automóvel a toda velocidade pode ser detido por uma barreira na estrada, mas o estrago será total. Não há maneira de controlar a operação de um automóvel sem arruiná-lo, a não ser usando os controles nele instalados. O volante e os freios são partes do carro. Quando giramos o volante ou aplicamos os freios, intimamos o carro a guiar ou parar a si mesmo. Homens e mulheres podem ser guiados do exterior, mas tal controle é destrutivo. O prisioneiro é dominado pela carabina do guarda, mas perde sua liberdade”.
“O domínio-próprio é sempre melhor... Nem mesmo Deus pode controlar-nos de fora e deixar-nos na posse de nossa liberdade. O mais poderoso conquistador é aquele que conquista a si mesmo”.
Domínio-próprio não é nenhuma abstração. Envolve o domínio do apetite, do gênio, da indolência, da língua, de todos os pendores, em fim, inatos ou adquiridos. Significa a subordinação da natureza inferior à superior, dos instintos à razão, dos impulsos cegos à luz da moral. Exige o reconhecimento de uma hierarquia de valores, em que os interesses externos se sobrepõem aos temporais, os espirituais aos materiais, os da sociedade aos do individuo.
O individuo não faz isto ou aquilo, não porque não pode, mas porque não quer. Sua vontade deixa de ser caprichosa ou impulsiva para ser razoável, um reflexo da razão divina. Com isto em mente é que o apóstolo Paulo afirmou “que a lei não é feita para o justo, mas para o injusto e obstinado, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas e matricidas, para os homicidas, para os fornicários, para os sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros”. (I Timóteo. 1: 9,10)
O domínio-próprio é uma conquista diária, em que as pequenas vitórias de hoje preparam as vitórias maiores de amanhã. Pequenas renúncias do apetite, pequenos sacrifícios do comodismo são os degraus da escada íngreme que leva ao domínio do próprio eu. Toda explosão de ira, toda condescendência com os excessos da mesa, toda tolerância com a preguiça ou maledicência diminuem o autodomínio.
“Quando executamos tarefas desagradáveis, acabamos vencendo a preguiça e o comodismo, e com isto, aumentamos as reservas de energia que se armazenam nos acumuladores da nossa vontade. A prática diária da disciplina e o hábito de nos submetermos a ela, quer nos grandes, quer nos pequenos afazeres, acabam imprimindo uma orientação completamente nova à nossa conduta... Todo homem que, dia a dia, se entrega à prática de pequenos atos que exigem esforço, que é sistematicamente heróico ou asceta em assuntos de pequena importância, mais cedo ou mais tarde, ao ser açoitado pelas tormentas da adversidade, sentir-se-á amparado por energias internas poderosas”.
Levantar pontualmente do leito, mesmos naquelas manhãs de grande frieza, tomar o seu chuveiro frio e tonificante, praticar sua ginástica diária ou caminhar com passo vigoroso ao local de trabalho, quando seria mais cômodo tomar o automóvel; pôr uma “faca à garganta” como freio ao apetite desordenado, para usar a linguagem pitoresca do autor de Provérbios; sair da sua comodidade para atender ao apelo de um necessitado, como fez o bom samaritano da parábola; permanecer ao leal ao lado do direito e da justiça ainda que isso custe o emprego ou a posição; eis a disciplina diária a que se submete voluntariamente aquele que almeja maior grau de autodomínio como seguro para o dia da adversidade.
Ninguém alcançará domínio próprio permanente sobre os impulsos da natureza inferior sem rígida disciplina mental. Somos por índole, dispersivos. Com muitos, os pensamentos não conhecem outra regra que não a da associação livre de idéias. Podem-se em seus devaneios e a imaginação corre à rédea solta. Sua mente é versátil e resiste a qualquer esforço de coordenação. Desconhecem o poder da concentração que estabelece a ordem em meio do caos. Projetando-se o poder do pensamento em direções diversas simultaneamente, extenua-se em nada realizar. É comum observar pessoas inteligentes, vitimas de uma mente fértil, mas indisciplinada.
 
(Prov. 16: 32) 
 "Melhor é o longânimo do que o herói de guerra, e o que domina o seu espírito do que o que toma uma cidade". 
(Gálatas 5: 22, 23)
"Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei". 
Chefes militares, que se tornaram famosos, pela capacidade de dominar povos e nações, têm sido sempre elogiados e contados entre os poderosos, mas o autor do livro de Provérbios, por inspiração divina afirmou, que o controle próprio é melhor aos olhos de Deus do que a capacidade de líderes militares. 
Que é domínio próprio? É ser senhor de si. É manter-se imperturbável diante das contrariedades da vida. É reprimir os maus impulsos. É suportar males e incômodos sem queixumes nem revoltas. 
A seguinte quadra popular é oportuna: “Muito vence quem se vence, muito diz quem não diz tudo. É ao sábio que pertence a tempo fazer-se mudo”. 
Confúcio o grande pensador chinês disse: "Quem quiser governar bem um país, deve primeiro governar a sua cidade. Quem quiser governar bem a sua cidade, deve aprender a governar primeiro a sua família; e quem quiser governar bem a sua família deve aprender primeiro a governar bem a si próprio". 
Vemos que o domínio próprio é o que tem mais valor e dele depende todos os outros domínios. 
Num livro sobre pedagogia, encontrei a seguinte frase: "Três qualidades caracterizam um líder: coragem, equilíbrio e domínio de si mesmo". 
Muitas pessoas servem-nos de exemplos e nos deixaram mensagens extraordinárias sobre domínio próprio. Abraão Lincoln, um dos maiores líderes dos Estados Unidos, nos confirma que possuía em alto grau o controle próprio. Apenas um incidente comprova que possuía esta sublime virtude. Certa vez Lincoln enviou uma carta, por um secretário, ao seu Ministro da Guerra. Dentro de pouco tempo o portador da carta estava de volta à Casa Branca, fumegando de indignação. Olhando-o mansamente, o presidente indagou: 
– Entregou a mensagem a Stanton?  O homem, com o rosto fechado, abanou a cabeça afirmativamente.
 – Que fez ele? 
– Rasgou-a, exclamou o emissário, e o que é pior é que ele disse que V.Exa.é um tolo! 
 Lincoln, distendendo sua longa estatura, ergueu-se, calmamente de cadeira e lançou um brando olhar ao semblante irado de seu interlocutor. 
– Então Stanton disse isso de mim? 
– Sim, excelência, e o repetiu.
– Pois bem - volveu o presidente, com a serenidade de quem está dominando todos os sentimentos. -
- Se ele falou isso de mim deve ser verdade, porque é um homem que sempre fala a verdade e sempre está com a razão. Esta declaração do ilustre presidente foi água na fervura. O homem pensava que se ia desencadear uma tempestade, mas nenhuma modificação viu no semblante do primeiro mandatário da grande nação americana, que tranqüilamente voltou ao trabalho. 
Este acontecimento, sem dúvida alguma, tem servido de inspiração para muitos através dos anos. 
Como agiríamos se um subalterno dissesse isso de nós? Como agiria Lincoln se fosse precipitado e um tipo sangüíneo? 

Sócrates - Um de seus biógrafos assinala que o notável filósofo possuía esta virtude de modo bastante acentuado. O relato de um incidente comprova esta faceta de sua personalidade, a força de dominar emoções. Sócrates era casado com Xantipa, mulher que se tornara conhecida por seu gênio detestável e irascível, porém, o esposo diante das provocações da esposa jamais perdia a calma e o equilíbrio. Certo dia, depois de haver destratado o marido, dizendo-lhe vários impropérios e irritada com a serenidade, calma e impassividade do marido, ela tomou um balde de água e atirou sobre ele. Qual foi sua reação diante deste ato provocante? Como reagiríamos nós? Sócrates calmamente diz à esposa: "Eu sabia que depois a trovoada viria o aguaceiro!" 

Jesus Cristo - Em todo o seu comportamento em família, com os discípulos e enfrentando os líderes da pátria judaica demonstrou de maneira pujante esta notável característica. Seu exemplo nos deve inspirar na luta para adquirir este nobre atributo cristão. A vida do jovem hebreu tem sempre sido apresentada como exemplo de um moço de pureza. Por que se tornou este paradigma de pureza? Porque foi um moço que dominou seus sentimentos.

 Daniel e seus companheiros - Na corte babilônica são exemplos salutares de pessoas que souberam dominar-se. Por saber dominar o apetite, eles se tornaram modelos que até hoje deve ser seguido por todos nós. 
Apóstolo São Paulo - Para este ardoroso servo de Cristo o cultivo desta virtude não foi fácil como deduzimos de seu procedimento e ensinos. Em I Cor. 9: 27 ele escreveu: "Mas esmurro o meu corpo, e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado". Ele mantinha seu corpo em sujeição, suas paixões regidas pela vontade. Foi uma luta titânica de sua parte, mas no final da carreira ele pôde dizer aquelas conhecidíssimas palavras de II Tim. 4:7: "Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé". 

Por que encontramos nas páginas dos jornais cada dia o relato de esposas assassinadas pelos esposos ou vice-versa; de um pai que há poucos dias de tanto bater num filho de 13 anos extinguiu-lhe a vida; de uma mãe que pelo fato da filha de 8 anos ter bebido a mamadeira da irmã pequena, açoitou-a até que ela viesse a falecer?  Razões diversas poderiam ser apresentadas, mas um fato é verdadeiro, são pessoas que não tiveram domínio sobre seus sentimentos. 
Bem declarou Winston Churchill: "O poder do homem tem-se feito sentir em toda a esfera, exceto sobre o próprio homem". 
Será Fácil o Domínio Próprio?  Sêneca disse: "O governo mais difícil é o governo de si mesmo". 
Ellen G. White escreveu: "O domínio próprio não se obtém sem diligente e tensa vigilância sobre o eu. É muito mais fácil tornar-se alguém depravado e imoral do que abandonar os defeitos, conservando o controle da vontade e cultivando genuínas virtudes". 
Psicólogos modernos têm procurado instituir regras e estabelecer preceitos que ajudem os homens a se dominarem. 
Não cremos que as normas ou padrões estabelecidos sejam muito eficazes, porque apenas são baseados no esforço humano. 
Um destes psicólogos declara que a chave mágica de todo o edifício das relações mentais, encontra-se na força de vontade, que pode ser traduzida pelas palavras: eu quero, ou dominar-me-ei. Sem dúvida, a repetição destas palavras poderá ajudar-nos nos momentos difíceis, mas nós, como conhecedores dos princípios da Palavra de Deus, sabemos que o homem sem o auxílio divino pouco pode fazer. 
Na revista Signs de 25 de maio de 1904 já dizia: "Em sua própria força o homem não pode dominar seu espírito. Mas mediante Cristo ele pode adquirir o domínio próprio." 

Guilherme G. Murdoch confirma esta idéia: "Ninguém pode dominar seu gênio sem o auxilio de Deus.” Se somos tentados a irar-nos, peçamos ao Senhor que nos dê a vitória e Ele enviará auxílio imediato e nos impedirá de fazer aquilo de que nos haveríamos de arrepender-nos. Conservemos diante de nós o Modelo
Perfeito.
Que fase da vida deve começar o domínio-próprio?  Na infância, na adolescência, na juventude ou na idade adulta? 
Ellen G. White escreveu no Desejado de Todas as Nações, pág. 101: "Na infância e mocidade, o caráter é extremamente impressionável. Deve ser adquirido então o domínio próprio." Como pais, temos o dever de ensinar o domínio a nossos filhos, porque se esta virtude for aprendida na infância ela muito os ajudará na mocidade e na idade adulta. 
Mas como ensinar?  Deve ser apenas pelo preceito?  Deve ser muito mais pelo nosso exemplo. Se não temos domínio próprio que adiantará dizer aos filhos que devem possuir esta virtude? 
O grande filósofo grego Platão dizia: "O melhor modo de governar as crianças é governar a nós próprios ao mesmo tempo, não as admoestando, mas pondo em prática os nossos próprios princípios". 
Um dos modernos juízes dos Estados Unidos, muito bem enfronhado dos problemas juvenis, concluiu que a principal dificuldade naquela grande nação com a juventude transviada, é a falta de autoridade dos pais, que muitas vezes por não terem domínio sobre seus sentimentos, deixam os filhos entregues à própria sorte. 
No livro Educação encontra-se esta frase muito importante: "Os que desejam governar os outros devem primeiramente governar-se a si mesmos". Pág. 292. 
Onde e em que devemos dominar-nos?  Alguns pensam que é apenas na sociedade, por uma questão de ética, para salvar as aparências. Devemos dominar-nos no convívio doméstico, na escola, no trabalho, nas recreações, nas relações sociais, no comer, no falar, no comprar, no vender, no vestir, na igreja, no pensar, enfim em todos os lugares e em todas as coisas. Comentemos alguns destes aspectos: 

  a) No lar 

 Ao tratarmos com as pessoas que nos são mais íntimas.  Temos que confessar que é mais difícil o domínio com os familiares. Há lares que se tornam um inferno quando seus membros não se controlam. 
Salomão, mais do que ninguém, podia compreender os malefícios de uma mulher impulsiva, que ele descreveu assim: "O gotejar continuo no dia de grande chuva, e a mulher rixosa, são semelhantes". Prov. 27: 15. Pensemos: Qual tem sido o nosso procedimento em família?  Não é verdade que todos temos muito melhorar?  Note este pensamento: "Satanás não terá poder sobre os que inteiramente se controlam no lar". Os filhos que não aprenderam a obediência e o domínio próprio no lar, serão alunos problemas na escola. 

b) Na escola 

O domínio próprio é útil para comportar-se bem dentro da classe, enquanto outros não o fazem. Para estudar enquanto ouve o barulho dos colegas no campo de esportes. Para preparar cada dia as tarefas escolares. 

c) No trabalho 

É preciso força de vontade para fazer sempre um trabalho bem feito. 

d) No pensar 

A mente deve ser firmemente controlada, a fim de se demorar sobre assuntos que reforcem as energias morais. Nossos pensamentos não devem vagar desordenadamente, se queremos ser pessoas de atitudes equilibradas. 

e) No falar 

Tiago em sua epístola afirmou o seguinte: "Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça no falar é homem perfeito, capaz de refrear também todo o seu corpo". Tiago. 3: 2. O salmista fez uma oração a Deus que bem poderia ser a nossa. Salmo 141: 3: "Põe guarda, Senhor, à minha boca; vigia a porta dos meus lábios". 

f) No comer 

Se há um aspecto da nossa vida em que é preciso domínio próprio, este é um deles. Salomão deixou-nos vários conselhos e alguns deles sobre o controle na alimentação. Ver Eclesiastes 10: 17. Estas frases do livro Educação, pág. 206 são muito oportunas: "Se tivermos domínio sobre o apetite estaremos capacitados para lutar com êxito no campo de árduos deveres e realidades que esperam cada ser humano". Não é fácil o comer com moderação e não comer nada entre as refeições. Quantas pessoas existem que em vez de dominarem o apetite são por este dominado. 

g) Nas relações sociais 

Há um aspecto neste terreno que não posso deixar de mencionar. É o domínio que os jovens devem possuir durante o namoro e o noivado. Os namorados e os noivos não devem praticar atos dos quais venham mais tarde a se envergonhar. O domínio próprio pode ser comparado a breques que colocamos em nossas tendências e instintos. 

Conclusão

"O homem neste momento de sua história tem adquirido maior supremacia sobre as forças da Natureza, do que jamais sonhara. Diante dele jaz, se ele assim o desejar, um século dourado de paz e progresso. Basta que ele conquiste agora apenas o seu último e pior inimigo - a si próprio.” 

No livro O Maior Discurso de Cristo, pág. 120 encontra-se esta declaração: "A maior batalha que temos de ferir, a maior de quantas já foram travadas pelo homem, é a entrega do próprio eu à vontade de Deus". 
Cristo nos deu o exemplo máximo de domínio próprio quando esteve aqui na Terra. Já pensamos em seu domínio perante os acusadores e nas horas mais cruciantes da vida? Jamais o encontramos sem atitudes calmas, de ponderação e equilíbrio. Que exemplo para nós, que nos desconcertamos e perdemos a cabeça por uma simples palavra que nos desagrada, ou pelos pequenos incidentes da vida diária. 
Prezados amigos leitores desta coluna, ao concluir convido-vos para irmos a Cristo com nossas deficiências, exponhamos diante dele a nossa situação e ele ajudar-nos-á a termos domínio sobre todas as nossas fraquezas e más tendências. “Tudo posso nAquele que me fortalece.”

Fontes: “Colunas do Caráter” – Shwantes – CPB
“Coletânea Teológica Universitária”

Pedro santos
Dirt.Escola Sabatina Adventista
Colunista TvBadalo

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